”O
amor nunca morre de morte natural. Añais Nin estava certa. Morre porque o
matamos ou o deixamos morrer. Morre envenenado pela angústia. Morre
enforcado pelo abraço. Morre esfaqueado pelas costas. Morre eletrocutado
pela sinceridade. Morre atropelado pela grosseria. Morre sufocado pela
desavença. Mortes patéticas, cruéis, sem obituário e missa de sétimo
dia. Mortes sem sangramento. Lavadas. Com os ossos e as lembranças
deslocados. O amor não morre de velhice, em paz com a cama e com a
fortuna dos dedos. Morre com um beijo dado sem ênfase. Um dia morno. Uma
indiferença. Uma conversa surda. Morre porque queremos que morra.
Decidimos que ele está morto.”
Fabricio Carpinejar
Nenhum comentário:
Postar um comentário